NOTÍCIAS
24 DE NOVEMBRO DE 2023
Avanços nas pesquisas contribuem para retrato mais fidedigno da equidade racial no Judiciário
Ao longo dos últimos dez anos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) empreendeu esforços para obter dados estatísticos capazes de subsidiar políticas judiciárias voltadas ao enfrentamento do racismo institucional e ao alcance da equidade racial em seus próprios quadros. Quatro levantamentos foram produzidos nesse período, evoluindo, a cada resultado, para apresentar um retrato dos quadros funcionais da Justiça do ponto de vista étnico-racial.
O Diagnóstico Étnico-Racial no Poder Judiciário traz as estatísticas mais recentes e, de acordo com o Departamento de Pesquisas Judiciárias do CNJ, apresenta o panorama mais fiel no que se refere à diversidade racial na Justiça. O levantamento, publicado em setembro de 2023, revelou que somente 1,7% dos magistrados e magistradas se declarou pretos ou pretas, 12,8% se autointitulam pardos e a maioria, 83,8%, se identificou como branca. Dos magistrados ativos, apenas 0,5% foram aprovados por meio das cotas raciais, regulamentadas pelo CNJ por meio da Resolução CNJ n. 203/2015. Isto é, a maioria de juízas e juízes negros enfrentou a ampla concorrência para ingressar na carreira.
Para a obtenção desses resultados, o CNJ se valeu de informações fornecidas pelos tribunais brasileiros a partir dos registros funcionais de seus integrantes, já saneados a partir da campanha de recadastramento étnico-racial. Esses dados estão consolidados no Módulo de Produtividade Mensal (MPM), desenvolvido em 2015 para o recebimento de informações sobre a produtividade agregadas por unidade judiciária e por magistrado ou magistrada e reformulado em 2023, de forma a receber dados sobre cargo e raça/cor, entre outros.
“As pesquisas feitas anteriormente utilizavam formulários online, que eram enviados para magistrados, magistradas, servidores e servidoras virtualmente, não havendo, portanto, a obrigatoriedade de participação. As informações eram autodeclaradas e baseadas apenas nas respostas dos participantes”, explica a diretora-executiva do DPJ, Gabriela Soares.
Essa foi a metodologia utilizada no levantamento de 2018, que culminou na publicação do Perfil Sociodemográfico dos Magistrados. Os resultados da tabulação das informações enviadas por meio de formulário eletrônico contabilizaram 1,6% de pessoas autodeclaradas pretas e 16,5% que se declararam pardas. A adesão foi de 62% do efetivo do Judiciário nacional.
Já em 2021, o CNJ lançou o Relatório Negros e Negras no Poder Judiciário, uma pesquisa realizada a partir dos registros administrativos dos tribunais. A diretora-executiva do DPJ destaca que o principal achado do levantamento não foi o percentual de representatividade racial encontrada, mas sim o fato de os tribunais não terem esses dados à época. “Os tribunais não tinham esses dados coletados em seus registros funcionais, nem ao menos tinham essas informações registradas no padrão do IBGE, que considera os fenótipos preto(a), pardo(a), amarelo(a), branco(a) e indígena”, informou.
Acesse abaixo a íntegra as pesquisas citadas:
![]() |
![]() |
![]() |
Foi nessa oportunidade que o CNJ verificou a necessidade de incentivar o registro correto da característica étnico-racial nos assentamentos funcionais. Os dados oficiais deveriam partir dos próprios tribunais, que por sua vez foram obrigados a informá-los para o CNJ por meio do MPM.
Censos
O primeiro retrato racial da Justiça foi desenhado pelo CNJ por meio do 1º Censo do Poder Judiciário, realizado em 2013. Nesse tipo de levantamento, são levantadas informações objetivas como como a média de horas trabalhadas no dia, o nível de escolaridade e o estado civil e outras de cunho subjetivo, como grau de envolvimento dos servidores com suas atividades até o nível de satisfação com as funções e o local de trabalho.
O relatório final do 1º Censo, divulgado em fevereiro de 2014, contou com as informações de 64% da magistratura e de 60% dos servidores e servidoras vinculados a um dos tribunais brasileiros até então. O levantamento mostrou que 15,6% da magistratura nacional era formada por pessoas negras, incluindo 14,2% que se declararam pardos e 1,4%, preto. Considerando o recorte por sexo, 1,4% dos homens se declararam pretos e 15%, pardos. Entre as mulheres magistradas, 1,5% se considerava preta e 12,7%, pardas.
Essa adesão contribuiu para a construção de ações voltadas para melhor qualidade do Poder Judiciário, como a edição, em 2015, da Resolução CNJ 203, que estabelece a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e de ingresso na magistratura a negros e negras.
Dez anos depois, um novo esforço censitário foi feito pelo Conselho. Entre abril e setembro de 2023, os formulários foram enviados a integrantes da magistratura e para os quadros efetivos do Judiciário. A adesão foi a metade da obtida na primeira edição: aproximadamente 30% do público-alvo respondeu aos questionários.
Apesar da diminuição da abrangência do estudo, os números apresentados ajudam a compor o quadro da composição racial da Justiça. Em relação à magistratura, 13,6% das pessoas se declararam pardas e 1,4%, preta. As respostas também revelaram que 1,6% foi selecionado por meio de cota étnico-racial.
Veja os resultados dos dois censos realizado pelo CNJ:
![]() |
![]() |
Texto: Juliene Andrade
Edição: Sarah Barros
Agência CNJ de Notícias
The post Avanços nas pesquisas contribuem para retrato mais fidedigno da equidade racial no Judiciário appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Anoreg RS
14 DE JUNHO DE 2024
CEF já cadastrou mais de 3,1 mil imóveis prontos para atender famílias no RS
Unidades habitacionais serão disponibilizadas somente após aprovação dos documentos e inspeção...
Anoreg RS
14 DE JUNHO DE 2024
Lei Federal nº 14.757/23 dispõe sobre a extinção de cláusulas resolutivas constantes de títulos fundiários
Lei n. 14.757, de 19 de dezembro de 2023 Altera a Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009, a Lei nº 8.629, de 25 de...
Anoreg RS
14 DE JUNHO DE 2024
Comissão aprova projeto que aumenta valor máximo para financiamento de imóvel rural com dinheiro da reforma agrária
Projeto de lei segue em análise na Câmara dos Deputados A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e...
Anoreg RS
13 DE JUNHO DE 2024
Aprovado, projeto da nova Lei de Execução Fiscal inclui cobrança de débitos
A Comissão Temporária para Exame de Projetos de Reforma dos Processos Administrativo e Tributário Nacional...
Anoreg RS
13 DE JUNHO DE 2024
Apcer Brasil abre inscrições para curso de Gestão de Custos e Recursos Humanos em Cartórios
O objetivo geral do curso é capacitar profissionais de cartórios em técnicas avançadas de gestão de custos de...